Os usuários do Gmail não tem expectativa de que seus emails são confidenciais. É o que o Google disse em documento entregue a justiça.

Segundo o jornal britânico The Guardian, o Consumer Watchdog, grupo que descobriu o documento, chamou a declaracão de uma “confissão assombrosa”. A declaração é feita enquanto o Google e seus parceiros são pressionados e explicarem os seus papeis na Agência de Segurança Nacional (NSA) na vigilância massiva de cidadãos americanos e nações estrangeiras.

“Google finalmente admitiu que não respeita privacidade”, diz John Simpson, diretor do projeto de privacidade do Consumer Watchdog. “As pessoas deveriam levá-los a sério; se você se importa com a privacidade dos seus emails, não use Gmail”.

Google disse que estavam fazendo “uma tentativa de criminalizar práticas comerciais comuns” que fizeram parte do Gmail desde que começou.

A ação contra a política de privacidade do Google

O Google entregou o documento no mês passado como uma tentativa de encerrar uma ação coletiva que acusa a gigante da tecnologia de desrespeitar leis de privacidade quando processas emails para direcionar propagandas aos usuários do Gmail.

Esse processo, aberto em maio, afirma que o Google “abre ilegalmente, lê e adquire o conteúdo das mensagens de e-mail privadas das pessoas”. Ele cita Eric Schmidt, presidente-executivo do Google: “A política do Google é estar bem em cima da linha assustadora e não cruzá-la”.

“Sem o conhecimento de milhões de pessoas, diariamente e durante anos, o Google tem sistemática e intencionalmente cruzado a ‘linha assustadora’ para ler emails privados, que contenham informações que você não quer que ninguém saiba, para adquirir, coletar ou minerar informações valiosas desta mensagem”, o processo alega.

A declaração do Google sobre privacidade

Em sua tentativa de arquivar o caso, o Google declarou que tudo não passava de “uma tentativa de criminalizar práticas comerciais comuns” que foram parte do serviço do Gmail desde a sua introdução. O Google disse ainda que “todos os usuários de email devem, necessariamente, esperar que seus emails sejam objeto de tratamento automatizado”.

De acordo com o Google: “Assim como o remetente de uma carta para um colega de trabalho não pode surpreender-se se o assistente do destinatário abrir a carta, as pessoas que usam email baseado na web hoje não podem ser surpreendidos se suas comunicações forem processadas pelo provedor de ECS (Serviço de Comunicação Eletrônica) do destinatário no momento da entrega”.

Citanto outro caso de privacidade, os advogados do Google disseram “muito pouco é afirmado na denúncia sobre a relação especial entre as partes, e as circunstâncias particulares da comunicação em questão, para levar à conclusão plausível que, objetivamente, houvesse uma expectativa razoável de confidencialidade daqueles que teriam contratado tal comunicação”.

Um porta-voz do Google declarou na noite da última quarta-feira: “Nós levamos a privacidade dos nossos usuários muito a sério; relatórios recentes que afirmam o contrário são simplesmente falsos”.

“Nós usamos recursos de privacidade líderes de mercado no Gmail – e não importa quem envie um email para um usuário do Gmail, estas proteções são aplicadas”.

Simpson, crítico do Google a muito tempo, disse que “a declaração do Google usa uma analogia equivocada; enviar um email é como entregar uma carta no correio. Eu espero que o correio entregue a carta com base no endereço escrito no envelope. Eu não espero que o carteiro abra e leia a carta”.

“Da mesma forma, quando eu enviar um email, espero que possa ser entregue ao destinatário com uma conta Gmail com base no endereço de email. Porque eu iria esperar que o seu conteúdo seria interceptado e lido pelo Google?”